Agora que já não conseguimos aguentar mais séries (pelo menos, até voltar GoT), voltamos em força aos filmes. Assim, no fim de semana passado vimos On the Milky Road, de Emir Kusturica, 2016.
Bem, tem o próprio Kusturica, como personagem principal, e é um filme estranho e surreal, logo, interessante. Mas, se o sr. Kusturica me permite, tenho uma ou duas coisinhas a apontar. :P
Comecemos com a cena da galinha a cacarejar em frente a um velho espelho, em cima de uma mesa de cozinha, cheia de cerejas. Adorei a imagem, mas parece-me que a força dessa imagem se perde um bocadinho na repetição. É uma imagem indelével, para quê mostrá-la mais do que uma vez?
Passemos, então à cobra: a magnífica, gigantesca víbora. Agradou-me o leite derramado nas covinhas, na estrada do leite, uma velha reminiscência das nossas lendas de serpentes… Depois, a cobra monstruosa que sobe por nós, prendendo-nos com o seu corpo, enquanto a sua cabeça assustadora se dirige para a nossa cara, bem, é simplesmente perfeito. Um eco, nada distante, das nossas lendas das mouras encantadas. Contudo, rebolar com a cobra no chão destrói um pouco esse imaginário… é forçado e, mais tarde, percebe-se porquê, mas continua a ser forçado. De resto, a simbologia majestosa e pagã da cobra, que nos salva, acaba por voltar, talvez devidamente cristianizada, como símbolo dos nossos pecados, que nos destroem. :(
E que perseguição era aquela? Que tal não nos mostrar os ridículos soldados tantas vezes? Poderiam estar presentes, sem estar verdadeiramente, não? Dando um cariz mágico à já um pouco misteriosa perseguição. ;)
Por fim, a cena da eternamente bela Monica Bellucci a costurar uma orelha decepada, junto a um velho poço, enquanto canta baixinho uma música de embalar... Que posso eu dizer? É simplesmente maravilhosa. Uma cena que certamente voltará cada vez que olharmos algumas pinturas, sentindo no nosso coração o conforto de imaginar um solitário Vincent a ser costurado e acarinhado por tão carinhosa e bela senhora. Não estou a brincar, é sem dúvida algo pelo qual temos que agradecer.
Bem, ainda nesse fim de semana, revisitamos Black Cat, White Cat, de 1998. Uma comédia simples, despretensiosa e genial. Esse sim,um filme fantástico do kusturica. :D
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