sábado, novembro 23, 2019

Vitória da Samotrácia

Eu adoro esta estátua. A maravilhosa e alada Vitória da Samotrácia faz parte de mim, há muito tempo. Já fazia parte de mim quando adolescente vi, pela primeira vez, o pôr do sol sobre o mar. Talvez pela forma de proa de embarcação da sua base, ligada às suas magníficas asas, talvez por outras razões que não identifico, a verdade é que facilmente a imaginei lá, nesse momento em que o céu se liga ao mar. Depois, bem, depois imaginá-la lá nesse instante e nesse lugar onde o sol desaparece no horizonte do mar, tornou-se quase tradição, para a minha mente estranha e absurda. :)

Hmm, eu sei bem que aquilo que amamos, amamos a sós... e daí? ;)


quarta-feira, novembro 20, 2019

Umbilicus rupestris

Estou a saborear um novo chá, que é delicioso. E a música de Eivor ecoa nas minhas células, enquanto penso no umbigo de vénus. Na verdade, nunca entendi por que razão se pode dizer verde alface e não verde umbigo-de-vénus. Eu adoro esta plantinha, que é um umbigo lindo, lindo. :)

Todos os dias, durante a semana, passo junto a um longo muro, onde os umbigos se multiplicam, levando-me a imaginar aquelas pequeninas e sexys vénus verdes, pelo muro fora. Ao mesmo tempo que a música invade a minha mente. Som e visão, as duas formas perceptivas que os gregos mais valorizavam, mas não as minhas prediletas.  

Bem, os gregos, mestres da beleza, pintaram os cabelos de Afrodite de azul. Eu, pela minha parte, gosto de imaginar aquelas pequeninas vénus verdes, que no suave toque reintroduzem em mim a energia da vegetação. Assim, aquele muro transforma-se, modificado pelas relações que eu estabeleço e que fazem dele uma espécie de berço ctónico, telúrico e primitivo, ligado à pátria granítica. 

O valor sagrado que as sociedades primitivas atribuíam, por exemplo, a certas rochas, não residia nas rochas em si mesmas, mas naquilo que representavam, porque imitavam alguma coisa, porque vinham de algum lado especial, em suma, porque tinham em si algo diferente delas mesmas. O mesmo se passa com o meu berço ctónico.

Se a consagração, a sacralização se fazia pela via da imaginação, já a verdadeira participação naquele poder mágico/sagrado fazia-se sobretudo pelo toque, bem mais do que pela litania ou pela invocação.

Pronto, fico por aqui. Até porque o chá já acabou e, agora, os meus pensamentos são outros.



quinta-feira, novembro 07, 2019

Viagem de comboio na Linha do Tua


Já passa muito da meia-noite, é outro dia. Mas, para mim, ainda não é. Ah!, que sugestão maravilhosa! Bem, hoje foi um bom dia, mas este final transforma-o, torna-o memorável. Muito obrigada! :)

Durante cerca de meia hora, fui novamente a miúda que adorava esta viagem e que raramente parava de olhar o rio Tua, em baixo, ora quase ao nível da linha, calmo e pacífico, ora longínquo, no vale profundo, correndo selvagem pelo meio das pedras. Neste vídeo o rio mal se vê e isso levou-me a pensar que talvez, na minha própria peregrinação, o elemento fundamental, que define tudo o resto, também seja apenas intuído.

Bem, em tempos, escrevi aqui, na minha clareirazinha, o seguinte: «Eram 6 horas da manhã e eu estava com a minha família, na estação dos caminhos de ferro, à espera de comboio. Pouco antes de chegar o comboio, veio a correr um miúdo pouco mais velho do que eu, com quem eu tinha brincado as férias todas. Aproximou-se e deu-me dois beijos, despediu-se de mim. E quase de imediato, entrei no comboio. Percorri a linha da Tua, até Mirandela, num estranho estado de desligamento... Não sei se estava ou não apaixonada. E esses termos ainda não existiam para mim, na altura. Mas, para sempre, dentro de mim, as estações de comboios e, em especial, a linha do Tua, ficaram associadas a algo que nos transporta para fora de nós próprios, a uma estranha sensação de agigantamento.»

Tinha 12 anos e essa não foi a primeira viagem que eu fiz na linha do Tua, mas foi a primeira vez que a paisagem me disse claramente quem eu era. Foi a primeira vez que eu senti, de verdade, a canção da saudade, a subir da terra ao céu. Bem, quando penso nisso, sou levada a crer que a primeira vez que a saudade se manifestou - a saudade galaico-portuguesa, que não é uma palavra, mas sim um método de ascensão, de transfiguração – foi muito mais tarde, mas não é verdade, foi aqui, através da paisagem.

Esta viagem já não se pode fazer, a não ser virtualmente ou por via da memória. Mas, esta noite, que bom que foi fazê-la de novo, tão inesperadamente, como um presente perfeito.

Era uma viagem que durava duas ou três horas, o vídeo está acelerado, mas isso não importa. Foi maravilhoso fazer novamente esta viagem e levar comigo as pessoas que eu amo, recriando completamente aquele momento do meu passado. Obrigada!


Viagem de comboio na Linha do Tua.

quinta-feira, outubro 24, 2019

Batata coração.

Hoje, ao descascar as batatas para o jantar, encontrei esta belezinha pequenina, a lembrar Agnès Varda e o seu filme Les glaneurs et la glaneuse, E, mais do que isso, a recordar-me o amor imenso que colocamos nas pequenas coisas. Trouxe-me também à memória um episódio com o meu filho, ainda muito pequenino, a acusar a avó de que ela não cozinhava com amor. E quando ela quis saber por que razão ele dizia tal coisa, ele limitou-se a acrescentar: «porque a tua comida não sabe bem!».

Assim, entre outras coisas, fiz um bolo de chocolate com muito, mesmo muito amor. Hmm, está uma delícia! ;)


Voar...

Sim, bem sei, só os pássaros com a mesma plumagem voam juntos, mas isso não quer dizer que tu voas sozinho. Na verdade, tu nunca estás sozinho, pois aqueles que amaste ou que amas estão sempre, sempre contigo.

Por favor, não te esqueças, mesmo se uma das coisas que te põe triste é que não exista o que não existe, como dizia o poeta… mesmo nesses momentos, não te esqueças que quem não ri e não voa contigo, não é teu amigo!

Metal Migration, by Michelle McKinney.


Mais pensamentos soltos...

Bom dia. :)

Hmm, por onde começo? Bem, o músculo da minha perna ainda não está bom. E, vê só, agora só consigo andar de saltos bem altos. Hmm, qual era a mensagem do universo, afinal?... ;)

Na verdade, não quero saber das mensagens do universo, importa-me o que eu quero!...

Ontem à noite, uma amiga desejou que os meus dias fossem leves. Respondi-lhe o seguinte:

«Minha querida, agora que penso um pouco mais nisso, bem, não estou muito certa de querer que os meus dias sejam leves… ;) Que posso eu dizer? Mais do que portuguesa, eu sou uma mulher do norte. Tenho a saudade na alma. Eu quero que os meus dias sejam intensos, duma felicidade transbordante, mesmo que também sejam, como na canção, um abismo antigo onde voar é abrir as asas e sangrar. :) Não te assustes, por favor, isto sou só eu a ser eu própria. ;) E, no fundo, entendo bem a beleza e a alegria desse teu dia leve… leve e puro, como diria a minha adorada Sophia, e livre como o vento… como o florir das ondas ordenadas. :) Não a lês, pois não? Sophia de Mello Breyner Andresen. Tão, tão maravilhosa! :) Hmm, o meu amado Fernando Pessoa também gostava do vento, dizia que às vezes ouvia passar o vento… e só de ouvir o vento passar, valia a pena ter nascido. :) Boa noite, minha querida, que os teus dias sejam felizes! :) »

Transcrevi este comentário, só para te dizer que é realmente isso que eu quero: que os meus dias sejam felizes!

Se queres mesmo viver, então deixa que invadam os teus sentidos como um sonho e que corram nos teus sonhos como uma sombra... sim, bem sei, são novamente palavras do Pessoa. Mas há tantas, tantas palavras dele na minha mente... Tanto de mim, que é dele. 

Que mais? Esta manhã, li uma carta que alguém me escreveu, a propósito do meu blog peregrinar. Como a carta estava em castelhano, não percebi tudo, mas sei bem que me insultou-me q.b. Ainda assim, fiquei deliciada. Disse-me que eu tinha ideias interessantes, mas que não as desenvolvia, que eu escrevia muito pouco, que não tinha nenhuma consideração pelos meus leitores. Foi isso, eu não sabia que tinha leitores e isso, por si só, fez deu ao café um gostinho diferente. ;)

Depois, não sei de todo porquê, deu-me para ouvir Wham!... Wake me up... 😲

Que queres que te diga? Eu também estou confusa. A minha mente está a reagir a isto de eu, agora, andar sempre de saltos altos, de um modo muito peculiar. O que quer dizer que possivelmente está tudo bem, uma vez que a minha mente reage de um modo muito peculiar praticamente a tudo. :P

Hmm, dançamos?... :)

Ok. Então, vou voar!... :P


terça-feira, outubro 22, 2019

Pensamentos soltos...

(A propósito de uma memória no face, que me mostrou um folar feito em 2017, no dia 22 de Outubro.)

Hmm... se eu fizer hoje um folar e fizer de conta que no ano passado, neste dia, também fiz um... bem, começo uma espécie de tradição, não? :P

Pois, até parece que eu não gosto de tradições, não? Ora, eu adoro velhas tradições, mesmo as que começaram de um modo tão absurdo, como a que acabei de referir.  ;)

Outono de 2017? Se bem me lembro, e eu lembro-me de tudo, nesse mês de outubro, eu queria, porque queria, que um amigo acabado de conhecer, cujo pai tinha nascido numa aldeia a escassos 3 km da minha, me permitisse mostrar-lhe a ele e à família aquele mundo. Um mundo onde as velhas tradições ainda são o que sempre foram. Um mundo misterioso e mágico, como dificilmente se encontram, muito dificilmente. 

Hmm, isto está a ficar um bocadinho aborrecido, até por se estar mesmo a ver que ninguém quer saber das minhas rotas de peregrinação pela paisagem, pelo corpo da minha tribo. E isso aborrece-me. Assim, acho que vou deixar o meu alter ego escrever por mim… :P

Pensas que o meu alter ego é uma miúda de 17 anos, que gosta de viajar pelas estrelas, certo? Achas? Não, na verdade é um gajo todo musculado, muito alto e loiro. Chama-se Fafhrd, não é nenhuma doçura, mas é um exímio e violento espadachim. :) Agora, por favor, não me digas que nunca leste Fritz Leiber, porque eu não quero saber nada de nada do que não leste.

:D

Música?... Na verdade, estou a ouvir a Quinta Sinfonia, de Beethoven. Hmm, o meu filho, quando era bem mais pequeno, uma vez disse-me: «põe aquela música assustadora!», para ouvir isto. Bem, como eu adoro esta música, que já não ouvia há imenso tempo. :)

Boa tarde. :)


segunda-feira, outubro 21, 2019

Quando o universo nos responde...

Esta manhã, deixei o meu filho na escola um pouco depois da hora, talvez para me esquivar a encontrar muitas das outras mães que se recusam a responder quando eu digo bom dia. Porque eu tenho lepra, naturalmente.

Hmm, que te posso eu dizer? Eu continuo a acreditar que quando olhamos directamente para o coração humano, o caminho abre-se à nossa frente e, de imediato, somos pessoas melhores. :)

Claro que posso sempre dizer que aquelas pessoas não me cumprimentam, porque não me conhecem. Mas, se quiser ser honesta, tenho que admitir que mesmo alguns daqueles que estão no meu coração, ficam por vezes irritados com a minha visão do mundo, com a minha honestidade, com o meu paganismo... e atiram-me com a inquisição espanhola. And nobody expects the spanish inquisition. Pois, mesmo quando está sempre a aparecer.

And shout out loud
I don't mind, I don't mind

Kongos, mais uma vez. Hmm, importar-me até que me importo, mas nem por isso deixo de ser quem sou. Bem, depois de deixar o meu filho na escola, não vinha a ouvir Kongos, era outra banda qualquer, uma música alegre e jovial. E, sem mais, sabe-se lá porquê, decidi questionar o universo. Queria saber se eu iria continuar a ser invisível para sempre. Queria saber o que eu poderia esperar dos outros.

Mal tinha acabado de formular a minha pergunta, quando o universo me respondeu.

Estava a atravessar uma passadeira, quando um carro que estava parado, para deixar passar outras pessoas, arrancou e me atingiu. O carro parou de imediato, um homem saiu e disse que não me tinha visto. Entretanto, apareceu outro homem que insistiu que a culpa era minha, que eu não podia andar na rua de headphones. Berrei incoerente, com eles, comigo própria, com o universo, desesperei, depois parei e fui embora a arrastar uma perna, literalmente.

And I know what I know
But I don't know what I know when I know it
And I hear what I hear
But I don’t know what I hear when I hear it
And I see what I see
But I don't know what I see when I see it

Não gostei da resposta. Lamento ter feito a pergunta, até porque eu sabia muito bem qual era resposta. Mesmo assim, estou chateada com o universo. Não sei o que esperava, mas certamente não era aquilo.

Hmm… numa manhã de Abril, em 2005, um carro também me atropelou numa passadeira, mas dessa vez foi muito pior. O carro atirou-me uns quantos metros pelo ar e eu aterrei de costas no asfalto. Mas não me lembro da queda, só me lembro do choque com o carro, do voo e, de repente, estar noutro lado. Tinha novamente 17 anos, estava deitada de costas na terra quente numa deliciosa noite de verão, olhava as estrelas. Mas aquele não era o mundo que eu conheci. Era um lugar absolutamente maravilhoso. Mágico. Ele estava deitado na terra quente ao meu lado, também olhava as estrelas. Ele não era o homem por quem eu estava apaixonada quando tinha 17 anos, mas eu sabia bem quem ele era, uma vez que ele frequentava os meus sonhos desde sempre. Mas tudo aquilo me pareceu demasiado real para ser um sonho e eu perguntei-lhe se estava morta. Ele disse-me que ainda não, mas que eu estava a morrer. De repente, a vontade absurda de não morrer tirou-me daquele mundo maravilhoso e eu vi-me a mim própria no meio da estrada. Havia várias pessoas à minha volta. E eu percebi que ninguém tinha chamado uma ambulância. Terá sido o horror desse pensamento que não me deixou continuar? Possivelmente. Havia uma pessoa que me custava mesmo muito deixar, mas aquilo era diferente: cada átomo do meu ser rejeitava veemente aquela indiferença. Eu não queria morrer assim, sem que tivessem qualquer compaixão por mim, sem a mais pequena assistência pelos seres humanos que me rodeavam. Ele continuava ao meu lado e perguntou-me se eu tinha a certeza de que queria voltar. Eu disse que sim. De repente, um pensamento igualmente assustador varreu a minha mente e eu perguntei-lhe o que me ia acontecer. Ele respondeu com outra pergunta, questionando o que eu queria que acontecesse. Nada, foi o que eu disse. De imediato, vi-me a olhar para cima e ele estava ali, à frente das outras pessoas. Ele olhou-me com ar divertido e disse-me: «tu nunca me agradeces, miúda». Sorriu e desapareceu. E eu senti uma tristeza como nunca tinha sentido, já não queria estar ali no meio do chão, sem sentir o meu corpo e com as pessoas, que me rodeavam, a falarem como se eu estivesse morta. Mas não estava morta e, algum tempo depois, pude mexer os braços, consegui falar e pedi um telefone. Chamei uma ambulância. Mais tarde, no hospital, quando me passou aquele torpor todo, constatou-se que eu tinha saído praticamente ilesa do acidente.

Hmm… eu sei disso, isto vai ser uma festa para inquisição espanhola. E daí?... ;)

Hmm... espero que a minha perna cure, em breve. É outono e eu quero dançar. :)



sábado, outubro 19, 2019

Rindo de mim própria.

Hmm, a ideia era escrever qualquer coisinha suave e alegre, só para manter o meu perfil calibrado. Mas, sem qualquer razão aparente, a minha mente trouxe-me Rabelais e eu fui à procura da lista de serpentes, em Gargântua e Pantagruel. E, agora, voltei. Aqui estou eu, ainda com muitos dos nomes, daquela estranhíssma lista, a aparecerem como pensamentos relâmpago na minha mente, enquanto penso naquilo que te vou dizer.

- Bom dia!

Não consigo deixar de me rir. De mim própria. Piedosamente. Copiosamente. Ruidosamente.

Nem o balsamozinho de ser sexta-feira parece socorrer-me. Preciso daqueles amigos que crêem. Ou daqueles que crêem crer. Ou mesmo daqueles que só parecem crer.

Caos. Eu sei. Mas é tudo relativo, depende da perspectiva. O caos para a mosca, é a ordem para a aranha.

alguém me disse isso ontem. Depois, bem, o meu dia piorou consideravelmente e a noite foi trágica. Voltaram os meus velhos pesadelos. E, esta manhã, acordei triste. Mas cada dia é, em si mesmo, único e irrepetível. E eu não quero que as minhas mágoas me impeçam de o viver. 

Sunrise, sunrise
Looks like mornin' in your eyes

A manhã já acabou, mas a voz de Norah Jones continua a ouvir-se, clareando o espaço dentro de mim. Hmm, quem seria eu, sem música?

Lembras-te de Parsifal e da pergunta que ele não conseguiu fazer? Que posso fazer por ti? É também essa a pergunta que, muitas vezes, nos esquecemos de fazer… hmm, eu não me quero esquecer. Nem quero ser outra. Quero continuar a ser eu própria, por mais mal-entendida que possa ser.

Bem, agora vou voltar ao meu bosque dos poetas, que possivelmente nunca concretizarei, mas que me deixa feliz, quando o imagino. Um negrilho para Miguel Torga, madressilvas para Eugénio de Andrade, um cedro para Khalil Gibran, um ginko para Goethe, um castanheiro para Yeats, uma romãzeira para Rumi… e muitas outras árvores para outros tantos poetas, uma floresta inteira para Fernando Pessoa.

Há um murmúrio na floresta,
Há uma nuvem e não já.
Há uma nuvem e nada resta
Do murmúrio que ainda está
No ar a parecer que há.

É que a saudade faz viver,
E faz ouvir, e ainda ver,
Tudo o que foi e acabará
Antes que tenha o que esquecer
Como a floresta esquece já.

Termino, assim, com um poema de Pessoa, com a voz de Nina Simone, em Feeling Good, com uma fotografia de um lugar que eu amo, com o desejo de que tenhas um bom dia e com um sorriso. :)






quarta-feira, outubro 16, 2019

Anedota com moralidade...

Uma noite, ela entrou num bar, no topo de um edifício e foi imediatamente abordada por um desconhecido bêbado, com um copo na mão, que lhe disse:
- Tens que provar esta bebida azul. É mesmo incrível. Faz-te voar!
- Fantástico - disse ela condescendente, enquanto tentava afastar-se dele.
- A sério! - respondeu ele e, com um sorriso enorme, acrescentou - deixa-me provar que é verdade!
De imediato, o desconhecido correu e atirou-se do edifício, reaparecendo pouco depois, a voar.
Convencida, ela dirigiu-se ao barman e pediu aquela extraordinária bebida azul. Esvaziou o copo de um trago e aproximou-se da beira do terraço. Parou, hesitou por uns segundos, riu, tirou a roupa e, sem mais contemplações, atirou-se do topo do prédio, nua e em direção ao vazio. Nesse instante, ouviu a voz do barman a repreender o desconhecido:
- Super-homem, tu quando estás bêbado és incorrigível!...
Já em queda livre, ela sorriu e disse para a escuridão à sua volta:
- Que importa? Até chegar ao chão é só rock' n' roll.

Hmm, passemos, então, à moralidade: a vida é uma anedota, há sempre alguém capaz de nos levar ao abismo, e nem precisa de razões, pode muito bem ser só pelo gozo, mas nós podemos sempre apreciar a experiência de estar vivo.
Apreciar cada minuto é tudo o que importa, quer haja ou não outro sentido.

La Nuit by Auguste Raynaud (1845 – 1937).


terça-feira, outubro 08, 2019

Under the milky way tonight…

Comecei por responder a uma grande amiga, que deixou esta música num comentário. Mas, de alguma forma, a pequena resposta transformou-se num post, possivelmente por razões misteriosas. Ou não. ;)

Esta música faz-me lembrar as noites quentes de verão, quando eu ficava longas horas deitada de costas no chão, a vaguear pelas estrelas. Tinha dezassete anos e estava apaixonada. Vivia um amor rebelde, intenso, absurdo. Não era um amor correspondido, mas como o encontrei num livro e, na verdade, ele tinha morrido muito antes de eu nascer, não me sentia propriamente rejeitada. Era algo para outra vida… ;)

Ele não trazia cor ao meu dia, mas dava profundidade à escuridão da noite, tornando a mais banal das noites em noite noitíssima, em que a profusão e a intensidade das estrelas nos impelem à viagem. Inicialmente, numa viagem em direção àqueles pontos luminosos que, quando nos deixamos realmente ir, rapidamente se torna uma viagem pela escuridão, pela vastíssima escuridão que é o verdadeiro corpo do universo. Uma escuridão livre, isenta da moralidade que os humanos insistem em lhe atribuir. Um aspecto do universo que é negro e fecundo como a própria Terra, onde podemos deixar germinar a semente que existe em nós. A escuridão que é o lugar de todos os sonhos.

Under the milky way tonight…

(Foto retirada do site Wonderful Places In The World, desconheço o seu autor.)


sábado, agosto 31, 2019

Seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço.



Ontem escrevi que, durante esta semana, todos os dias tenho feito um esforço para pensar em seis coisas impossíveis, antes do pequeno-almoço. E, garantidamente, esforço-me por acreditar nas minhas coisas impossíveis. ;)

Encaro-o como um exercício consciente de revolta. ;)

Bem, esta manhã, pouco depois de acordar, deparei com uma gaivota na minha varanda. Tive pena dela, porque estava perdida, longe de casa. Mas, ao mesmo tempo, não consegui deixar de pensar que a gaivota sabia que estava longe de casa, que se tinha perdido no seu voo. Certamente, fará tudo o que estiver ao seu alcance para regressar ao seu verdadeiro lugar.

Eu, por outro lado, quando me perco, levo uma eternidade para descobrir que estou perdida. E, o que ainda é pior, é cada vez mais difícil ter certezas em relação ao meu verdadeiro lugar.

Há muitos momentos em que tenho dificuldade em acreditar que ainda me chamo Maria e não Gregor Samsa. É com um estranho divertimento que penso que, um destes dias, ainda acordo transformada num inseto e, nem assim, deixarei de lado as preocupações em relação ao emprego, ao dinheiro e às necessidades da família.

Noto, também, que ultimamente regresso muitas vezes ao livro infantil de Margaret Wise Brown, The Important Book, publicado em 1949. À medida que percorro as ruas, apressada, interrogo-me acerca do que é importante para mim: nas casas, nas árvores, na paisagem, no vento, nas nuvens… Adoro esses instantes em que as minhas próprias respostas me surpreendem. ;)

Contudo, no livro de Brown, tudo nos conduz a duas questões finais:

- O que é que poderias mudar em ti e ainda continuares a ser tu próprio?

- O que é que não poderias mudar em ti, para continuares a ser tu próprio?

Bem, eu acredito que é importante fazer estas perguntas a mim própria, de vez em quando, quanto mais não seja, para não me esquecer completamente de quem eu sou. ;)

Hmm, escrevi muito, não foi? Termino, então, com uma imagem e Yuumei Art. :)



terça-feira, julho 02, 2019

Pegadas no meu mundo...

Hmm… quase parece a paisagem dos nossos sonhos, caso a sonhássemos, não? :) Bem, eu sonho e o meu mundo é praticamente este, só não há casas, nem cercas, nem portões. E as árvores são muito mais antigas, altas e majestosas. Também não há flores em canteiros, as flores aparecem por todo o lado, sem qualquer tipo de restrição. ;)

Ocorreu-me um pensamento inesperado: haverá pegadas? :)

Hoje acordei com uma frase do Ray Bradbury a pairar na minha mente. Deixa cá ver se ainda me lembro, sim, porque eu não acordei agora, acordei há muito tempo. :P

Era algo relacionado com as pegadas que deixaram aqueles que caminharam no nosso coração. Hmm, qualquer coisa como isso, mas mais concreto. Bem, não sei bem por que razão, houve várias pessoas que saíram da minha vida, ao longo do tempo. Estranhamente, não é um pensamento deprimente. E, se querem mesmo saber, cada vez aceito isso mais facilmente, ao mesmo tempo que continuo a sentir-me feliz com as pegadas que outros deixaram no meu mundo. :)

Voltando aos sonhos. por maior que seja a beleza dos lugares com que sonhamos, na minha modesta opinião, o mais importante é não esquecer que, ainda assim, continuamos a ser o que sempre fomos: um universo inteiro, que vai sonhando com pequenos lugares.

Boa tarde. :)

(Imagem retirada da net, não sei quem é o autor.)


sexta-feira, maio 10, 2019

Se não escrevo...

Albert Camus, em 1954, disse que Meursault sofria daquilo a que ele chamava a loucura da sinceridade. Referiu ainda que era esse fascínio pela autenticidade do que sentimos e do que somos, que dava sentido ao seu livro: O Estrangeiro.

Quanto a mim, interrogo-me se também eu sou esse tipo de personagem: que nunca diz mais do que aquilo que sente. O problema é que aquilo que eu sinto é repetitivo, conhecido e, naturalmente, aborrecido. Assim, para quem me perguntou, aqui fica a minha resposta: se nada digo é, apenas, por nada ter para dizer. Isto é, nada novo ou interessante. ;)

Mas, caso alguém queira saber, admito que ainda sinto a necessidade absoluta de que falava Kundera: a necessidade de criar um continuum nas minhas experiências, na minha vivência, que a realidade, pura e simplesmente, não me dá, nem me poderia dar.

Também eu tenho consciência de que existo apenas num momento no tempo e que me movo a partir de um passado, em direção a um futuro desconhecido. Desse passado trago uma curta seleção de memórias isoladas, possivelmente modificadas, certamente interpretadas. Contudo, o grande problema não é sequer a autenticidade dessas memórias, mas sim a sua fragmentação, o facto de não serem contínuas.

Se as nossas memórias são fragmentadas, não será também assim a nossa existência?

Kundera dizia que a literatura, a ficção, poderia funcionar como compensação para estas falhas, permitindo recriar, através da imaginação, esse continuum existencial, que a realidade nos nega.

Talvez, agora na minha modesta opinião, a autenticidade do que somos e do que sentimos, também só se encontre verdadeiramente na literatura. :P

Para terminar, deixo (de novo) a imagem de alguém bem menos louco do que eu, numa pintura de Gottlieb Theodor von Kempf Hartenkampf. ;)


sexta-feira, março 29, 2019

Ver como se fosse a primeira vez...

A nossa visão é limitada, da mesma forma que é limitado o modo como vemos o mundo.

Na minha humilde opinião, o que nos afasta de toda essa limitação é a vontade e a determinação em ver as coisas, continuamente, como se fosse a primeira vez que as vemos.


Para lá das nuvens...

Por mais que os dias sejam solarengos, há momentos em que alguns de nós ainda se deparam com as nuvens que lhe escurecem a visão. Contudo, mesmo dentro de cada um de nós, há um ponto para lá do qual não há nuvens. O ponto onde eu me encontro, ou o ponto onde tu te encontras, são pontos sempre dinâmicos, nunca estáticos. O que vemos depende da nossa posição, da nossa perspectiva, que podemos sempre mudar.


sexta-feira, março 08, 2019

O sabor da cereja

O Sabor da Cereja, de Kiarostami, 1997.

Foi um filme que me marcou bastante, há muitos anos (e do qual estou a falar de memória), pela temática da depressão profunda. Apresenta-nos um homem completamente desligado. Um homem que deixou de sentir a natureza, a passagem das estações, a própria vida... O filme começa, então, por nos mostrar esse homem num carro, às voltas numa estrada de terra batida, numa paisagem árida.

O que vemos é sempre através da nossa visão muito particular, é tudo uma questão de perspectiva e, nesse contexto, eu vejo um homem às voltas num deserto. Que procura? Na verdade, procura muitas coisas...

SPOILER ALERT!

Há dois momentos no filme que quero relembrar: o instante em que nos contam a história do suicida que se afasta de casa de madrugada, pára junto a uma árvore e sobe para prender a corda com que irá enforcar-se. Ao prender a corda, sente nas mãos algo macio, com um cheiro intenso, apercebe-se que é fruta e leva-a à boca: cerejas (ou amoras). O homem deixa-se estar um bocadinho, a saborear as cerejas. Entretanto, o sol começa a nascer. E é esse o momento de revelação, o momento em que os sentidos que pareciam estar entorpecidos, voltam em pleno. Com o presente, com o agora, ele acorda.

Não foi o mundo que se modificou, foi a visão dele do mundo... Esse conto mostra-nos que é sempre a vida que se revela. Aquilo que nos salva e que nos devolve a nós próprios é algo que sempre esteve lá, algo que nunca perdemos verdadeiramente: a própria vida, feita de pequeninos instantes.

O segundo momento do filme que quero relembrar é o fim. O filme tem um final verdadeiramente assombroso e, na minha opinião, perfeito. O filme acaba precisamente mostrando-nos imagens da equipa de realização, do actor a confraternizar... E não será um pouco assim também na vida? Não estaremos de certa forma a representar também um papel, do qual muitas vezes já não sabemos sair é certo, mas ainda assim só um papel.

Há uma interpretação de mecânica quântica, da qual eu gosto particularmente: a teoria de muitos mundos, de Hugh Everett. De certa forma, seria um pouco como se a realidade fosse uma sobreposição quântica de infinitos universos paralelos não comunicantes. Nesta formulação da realidade, cada vez que seguimos numa determinada direção, é criado um universo paralelo onde seguimos na direção oposta. Nesse contexto, ser um santo ou um pecador teria a mesma importância, isto é, nenhuma. Bem, eu não acredito verdadeiramente nisto, mas gosto de me lembrar, de vez em quando, que os papeis que desempenhamos, bons ou maus, podem não passar disso mesmo: de papéis.

Talvez só estejamos verdadeiramente vivos quando estamos realmente no presente, sem passados e sem futuros. Sem máscaras e sem personagens, a sós com algo que só encontramos num curto instante: agora.

Bem, mesmo sendo um filme sobre um suicida, todo feito à volta da vontade dele de se matar, há neste filme algo mais, uma espécie de beliscão, que nos acorda para a vida.


quinta-feira, fevereiro 28, 2019

Filmes de John Ford

A propósito de cinema e de John Ford (um curto comentário, que escrevi noutro lado).

Ford, um dos primeiros realizadores que me fizeram apaixonar pelo cinema. :)

Bem, talvez algumas pessoas precisem de mais razões para ver Ford. A essas pessoas, eu gostaria de dizer que os filmes dele são de uma beleza estonteante, profundamente visuais, como se Ford fosse, antes de mais, um pintor, um grande pintor.

Não sei se quero escolher um favorito, mas a The Sun Shines Bright, How Green Was My Valley e The Man Who Shot Liberty Valance, acrescentaria ainda Rio Grande, The Grapes of Wrath, My Darling Clementine e How the West Was Won. Sendo que estes dois últimos foram filmados no mítico Monument Valley, algo que nos reporta de imediato ao horizonte Fordiano. Contudo, seguindo a ambiguidade característica de Ford, também o próprio conceito de horizonte Fordiano, para lá do imaginário associado ao Monument Valley, refere ainda um horizonte bem abaixo ou bem acima no enquadramento, retirando-nos da monotonia do horizonte sempre no meio.

A aparente simplicidade cénica, o diálogo reduzido quase ao essencial e as intensas cenas silenciosas, tudo se conjuga para aquilo em que Ford é verdadeiramente mestre: a autenticidade.

Para terminar, poderíamos dizer que Ford nos dá cenários, diálogos, filmes que, numa primeira vista, quase parecem simples ou até rústicos, mas que são profundos e complexos, a diversos níveis.

Sem dúvida, uma obra a (re)visitar. :)


Sábado filhoeiro

O sábado de carnaval é, segundo a tradição, o dia das filhoses. Bem, eu não estou a pensar fazer só filhoses, também haverá arroz-doce e uns quantos petiscos, bem caseirinhos e tradicionais. E nada melhor do que um piquenique no sábado filhoeiro, certo? A menos que chova e parece que sim, que haverá chuva. Assim, talvez não seja má ideia comer as filhoses e os petisquinhos em casa e, pelo meio, ver uns filmes. ;)

Pensei em Les beaux jours d'Aranjuez, sobretudo por ser do Wim Wenders, mas admito que a pontuação me deixou um pouco assustada. E não quero estragar o meu sábado filhoeiro. :(

Bem, era giro rever o meu filme favorito do Greenaway: The Cook, the Thief, His Wife & Her Lover, mas não creio que a sugestão seja aceite. Hmm, Como Água para Chocolate também seria uma opção mais ou menos adequada, não se desse o caso de eu querer algo um pouco mais dark. Qualquer coisa que me diga (como a canção que estou a ouvir agora mesmo):

come with me now
I'm gonna take you down

Hmm, para além disso, seria fantástico se tivesse uma relação qualquer com tradição e petiscos, filhoses se possível. ;)

Então, que filmes sugerem para o sábado filhoeiro? De preferência também um pouco herméticos, como a quadra transcrita por Ernesto Veiga de Oliveira:

Para jogar o Entrudo
Ambos teremos ventura
Tu dando-me as filhoses
Eu dando-te a fadura.

Ahahahaha… como é que é possível não gostar de manjares cerimoniais (a expressão é também do Veiga de Oliveira)?

Manjares cerimoniais e cinema, não? ;)

Braga, 28 de fevereiro de 2019.

p.s. Acabei de me lembrar de Babette's Feast, de Gabriel Axel. Um banquete ostensivo e decadente, num mundo austero e sombrio, que parece fazer parte do universo de Bergman… :)

Lembrei-me também de My Dinner with Andre, de Louis Malle, que é um filme que eu adoro. Contudo, ainda que o filme seja uma longa conversa entre dois amigos, na mesa de um restaurante, durante um jantar, a comida não parece ter nenhuma importância. ;)

sexta-feira, fevereiro 01, 2019

O que nos faz felizes...

Hoje, após o pôr-do-sol, começaremos a celebrar a nossa Festa da Promessa de Primavera, uma festa da luz, em que acendemos imensas velas, para dar força à luz do sol e aos dias que começam a crescer; para dar força aos nossos sonhos. Será uma noite para trazer de volta o nosso eu criança e alimentá-lo com música, poesia, brincadeiras e sobremesas à base de leite. :)

Certamente, terminaremos a noite com um filme em família, só ainda não sei qual será. Possivelmente, iremos rever A Canção do Mar, de Tomm Moore, 2014, ou talvez Kubo e as Duas Cordas, de Travis Knight, 2016. Eu simplesmente não sei dizer o quanto gostei destes filmes. São ambos incrivelmente belos, com mensagens profundas e maravilhosas. São filmes que nos transformam, que fazem de nós pessoas melhores e mais felizes. Muito mais felizes!!! :)

Desejo-te, então, uma bela e mágica noite de início de Fevereiro! :)

Hmm, deixa-me só dizer-te outra coisa: tudo o que precisamos para reencontrar a beleza e a magia, nesta ou noutra noite, é um olhar inocente. Hmm, eu sinto-me mais ou menos perto desse tipo de visão. Desde o final de outubro que faço um esforço consciente, para me libertar do excesso de bagagem e das minhas máscaras. Agora o ciclo é outro e é tempo de sonhar, de acreditar e de criar. E eu gosto mesmo muito de seguir os ciclos e a roda do ano! :)

(Foto by The Guardian of the Woods)


segunda-feira, janeiro 28, 2019

Um pequeno post a começar mais uma semana...

Bom dia. :)

Hoje, quero começar a minha semana com esta imagem de algumas pessoas a limparem os vidros num hospital para crianças, em Bristol. Quero começar a semana com a ideia de que os momentos extraordinários afinal podem ser bem mais comuns do que imaginávamos. ;)

Contudo, da mesma maneira que para um sonho se realizar ainda é preciso sonhá-lo primeiro, também aqueles instantes em que surpreendemos os outros e criamos memórias fantásticas, precisam primeiro de vontade e de dedicação. :)

Bem, um destes dias, num programa qualquer, Snowden dizia que ao longo do tempo, através de métodos que podemos nem sequer entender completamente, o que pode ser considerado sério foi estreitando sucessivamente. Ele falava em termos políticos, no sentido em que o que agora pode ser discutido e considerado uma afirmação sã, foi moldado de modo a alinhar-se com a opinião das maiores instituições da nossa sociedade ou até com a vontade das grandes corporações. Infelizmente, essa é a realidade, na nossa suposta democracia e mesmo na nossa vida quotidiana.

O mundo à nossa volta está constantemente a moldar-nos, a conduzir o nosso pensamento e a estreitar a nossa visão. Combatemos isso com a rebeldia de uma atenção consciente em relação a quem somos e ao que queremos. É uma luta onde tudo conta, onde os pequenos gestos definem o todo. Assim, é irrelevante que os outros nos considerem ridículos, o que realmente importa é continuarmos focados e mantermos a nossa própria visão do mundo. ;)

(Window cleaners at a children’s hospital in Bristol, by The Academy of Art, Creativity & Consciousness)