terça-feira, janeiro 07, 2020

Novo ano, novas ideias.

Hoje, o face mostrou-me uma memória de 2018, onde afirmo que uma das minhas resoluções de Ano Novo foi deixar de falar da minha vida insignificante e passar a falar de ideias. Hahahaha…

Ainda no mesmo post, com a desculpa de que os velhos hábitos demoram a desaparecer, falei do meu primeiro livro de 2018: um tratado das flores, de 1824, do qual já só tenho uma ideia muito vaga. Lembro-me sobretudo da estranheza de um livro de botânica que não tinha uma única imagem. A memória é uma coisa interessante, mas também estranha.

Em 2020, já que eu não consigo libertar-me do vício de olhar para o meu passado, quero ver apenas experiências, umas com melhores resultados do que outras, algumas com elevado nível de sofrimento, mas, ainda assim, apenas experiências, sem os rótulos certo ou errado.

Hmm, eu estou a envelhecer. Envelhecer é uma coisa boa, creio que ansiei por isso toda a minha vida. Não pelas rugas nem pelos cabelos brancos, naturalmente. Mas por aquela sabedoria, ainda que pouca, que só vem com a idade. Só a idade nos faz olhar o tempo de outra maneira, valorizando-o como aquilo que realmente é: insubstituível. Só a idade nos traz o prazer crescente das coisas simples.

Ao mesmo tempo, precisamente por ter consciência de que estou a envelhecer, anseio por coisas novas. Desvio-me do percurso habitual e caminho por outras ruas. Experimento novos sabores, novos lugares. Ouço novas músicas. Contudo, nos filmes e nos livros noto que tendo a regressar aos velhos amores. O que, naturalmente, também não é proibido. ;)

Por falar em filmes, num filme sul-coreano que eu vi no ano passado, do qual não recordo o nome, uma personagem estava a fazer um curso de poesia. Bem, esse não é o enredo principal da história, ainda que pudesse ser. É só uma linha secundária do argumento, que me cativou. Então, foi ensinado à personagem que o primeiro passo para trazer a poesia para a sua vida era, precisamente, reparar nas pequenas coisas, que facilmente passavam despercebidas, na azáfama dos dias. Admito que gosto disso. Há dias em que reparo em coisas nas quais nunca tinha reparado antes e isso é muito gratificante. Também é interessante manter a minha mente focada, orientada para singularidades.

Hmm, não sei bem por que razão, os meus pensamentos levaram-me para Ayn Rand e o egoísmo como virtude. Mas isso não é o que eu professo, de todo. Contudo, sinto que tem que haver um equilíbrio. Certamente, não quero viver totalmente em função de mim própria, mas também não quero viver totalmente em função dos outros, mesmo que os outros sejam aqueles que eu amo.

Termino, então, este primeiro post mais pessoal, de 2020, com uma frase do Dalai Lama: «Sê sabiamente egoísta.» ;)