quinta-feira, fevereiro 28, 2019

Filmes de John Ford

A propósito de cinema e de John Ford (um curto comentário, que escrevi noutro lado).

Ford, um dos primeiros realizadores que me fizeram apaixonar pelo cinema. :)

Bem, talvez algumas pessoas precisem de mais razões para ver Ford. A essas pessoas, eu gostaria de dizer que os filmes dele são de uma beleza estonteante, profundamente visuais, como se Ford fosse, antes de mais, um pintor, um grande pintor.

Não sei se quero escolher um favorito, mas a The Sun Shines Bright, How Green Was My Valley e The Man Who Shot Liberty Valance, acrescentaria ainda Rio Grande, The Grapes of Wrath, My Darling Clementine e How the West Was Won. Sendo que estes dois últimos foram filmados no mítico Monument Valley, algo que nos reporta de imediato ao horizonte Fordiano. Contudo, seguindo a ambiguidade característica de Ford, também o próprio conceito de horizonte Fordiano, para lá do imaginário associado ao Monument Valley, refere ainda um horizonte bem abaixo ou bem acima no enquadramento, retirando-nos da monotonia do horizonte sempre no meio.

A aparente simplicidade cénica, o diálogo reduzido quase ao essencial e as intensas cenas silenciosas, tudo se conjuga para aquilo em que Ford é verdadeiramente mestre: a autenticidade.

Para terminar, poderíamos dizer que Ford nos dá cenários, diálogos, filmes que, numa primeira vista, quase parecem simples ou até rústicos, mas que são profundos e complexos, a diversos níveis.

Sem dúvida, uma obra a (re)visitar. :)


Sábado filhoeiro

O sábado de carnaval é, segundo a tradição, o dia das filhoses. Bem, eu não estou a pensar fazer só filhoses, também haverá arroz-doce e uns quantos petiscos, bem caseirinhos e tradicionais. E nada melhor do que um piquenique no sábado filhoeiro, certo? A menos que chova e parece que sim, que haverá chuva. Assim, talvez não seja má ideia comer as filhoses e os petisquinhos em casa e, pelo meio, ver uns filmes. ;)

Pensei em Les beaux jours d'Aranjuez, sobretudo por ser do Wim Wenders, mas admito que a pontuação me deixou um pouco assustada. E não quero estragar o meu sábado filhoeiro. :(

Bem, era giro rever o meu filme favorito do Greenaway: The Cook, the Thief, His Wife & Her Lover, mas não creio que a sugestão seja aceite. Hmm, Como Água para Chocolate também seria uma opção mais ou menos adequada, não se desse o caso de eu querer algo um pouco mais dark. Qualquer coisa que me diga (como a canção que estou a ouvir agora mesmo):

come with me now
I'm gonna take you down

Hmm, para além disso, seria fantástico se tivesse uma relação qualquer com tradição e petiscos, filhoses se possível. ;)

Então, que filmes sugerem para o sábado filhoeiro? De preferência também um pouco herméticos, como a quadra transcrita por Ernesto Veiga de Oliveira:

Para jogar o Entrudo
Ambos teremos ventura
Tu dando-me as filhoses
Eu dando-te a fadura.

Ahahahaha… como é que é possível não gostar de manjares cerimoniais (a expressão é também do Veiga de Oliveira)?

Manjares cerimoniais e cinema, não? ;)

Braga, 28 de fevereiro de 2019.

p.s. Acabei de me lembrar de Babette's Feast, de Gabriel Axel. Um banquete ostensivo e decadente, num mundo austero e sombrio, que parece fazer parte do universo de Bergman… :)

Lembrei-me também de My Dinner with Andre, de Louis Malle, que é um filme que eu adoro. Contudo, ainda que o filme seja uma longa conversa entre dois amigos, na mesa de um restaurante, durante um jantar, a comida não parece ter nenhuma importância. ;)

sexta-feira, fevereiro 01, 2019

O que nos faz felizes...

Hoje, após o pôr-do-sol, começaremos a celebrar a nossa Festa da Promessa de Primavera, uma festa da luz, em que acendemos imensas velas, para dar força à luz do sol e aos dias que começam a crescer; para dar força aos nossos sonhos. Será uma noite para trazer de volta o nosso eu criança e alimentá-lo com música, poesia, brincadeiras e sobremesas à base de leite. :)

Certamente, terminaremos a noite com um filme em família, só ainda não sei qual será. Possivelmente, iremos rever A Canção do Mar, de Tomm Moore, 2014, ou talvez Kubo e as Duas Cordas, de Travis Knight, 2016. Eu simplesmente não sei dizer o quanto gostei destes filmes. São ambos incrivelmente belos, com mensagens profundas e maravilhosas. São filmes que nos transformam, que fazem de nós pessoas melhores e mais felizes. Muito mais felizes!!! :)

Desejo-te, então, uma bela e mágica noite de início de Fevereiro! :)

Hmm, deixa-me só dizer-te outra coisa: tudo o que precisamos para reencontrar a beleza e a magia, nesta ou noutra noite, é um olhar inocente. Hmm, eu sinto-me mais ou menos perto desse tipo de visão. Desde o final de outubro que faço um esforço consciente, para me libertar do excesso de bagagem e das minhas máscaras. Agora o ciclo é outro e é tempo de sonhar, de acreditar e de criar. E eu gosto mesmo muito de seguir os ciclos e a roda do ano! :)

(Foto by The Guardian of the Woods)