quarta-feira, janeiro 05, 2022

Coisas doutro ano...

O FB trouxe de volta um pequenino post de 5 de janeiro de 2018.

«Hoje, deveria escrever pelo menos a um ou dois amigos, já não escrevo nada a ninguém há algum tempo. Em vez disso, volto-me para o face. :)

Bem, uma das minhas resoluções de Ano Novo foi deixar de falar da minha vidinha de trazer por casa e passar a falar de ideias. Mas, verdade seja dita, sabemos bem que os velhos hábitos demoram a desaparecer. ;)

Assim, querido face, permite-me que te fale do meu primeiro livro de 2018. No segundo dia do ano comecei um tratado das flores, de 1824, que já acabei. Admito que há uma certa estranheza num livro de botânica que não tem uma única imagem. Contudo, tenho de admitir que funciona muito bem como exercício de imaginação. De resto, tanto ou mais do que o que lá estava, apreciei o que se adivinhava: o carinho com que o autor tratava cada uma das flores do seu jardim. Esse carinho resulta da paixão, mas eu sinto que a paixão pelo mundo à nossa volta, ou mesmo pela própria vida, é algo que escasseia nos nossos dias. No mundo que nos rodeia não há um minuto de silêncio, de pausa, de paciência. É um mundo onde tudo tende a ser cada vez mais imediato e superficial. Uma superficialidade global e igual para todos, o que me entristece.

Passemos ao meu segundo livro de 2018: um ensaio de David Lodge, de 2002, A Consciência e o Romance. Prometem-me na capa que, depois de ler este livro, a minha percepção dos romances – e até da própria leitura – nunca mais será a mesma. Sem dúvida um objectivo ambicioso, que possivelmente não será realizado, mas não me posso queixar: «objectivos ambiciosos que simplesmente não se realizam» deveria se o meu nome do meio. :(

Que mais? Cá em casa, já acabamos de ver a nova temporada de Black Mirror, uma das nossas séries favoritas. Fantástica, como sempre. Antes disso, vimos The Handmaid's Tale, também muito boa. 

Hmm, percebe-se agora por que não escrevi aos meus amigos? Escrevo de um modo aborrecido, enquanto penso em torradas de pão de passas, barradas com manteiga e geleia, o que é delicioso, mas excessivo. E café acabadinho de fazer. ;) »

Art by Tanielle Childers.