segunda-feira, julho 09, 2018

Meros acasos

Hum, apetece-me escrever a alguém, um amigo talvez, mas não tenho nadinha de nada para dizer (sim, bem sei, isso nunca me deteve anteriormente), assim, só me resta escrever aqui. Por favor, reconsidera antes de leres este post, eu escrevo muito e raramente digo o que quer que seja de interessante. É assim como poderia não ser.

Bem, escrever o quê? Sim, claro! Poderia referir o último filme que vi, o livro que ando a ler ou a música que estou a ouvir, mas isso demora apenas 30 segundos, não? E eu preciso de um pouco mais…

Filme: Arrival de Denis Villeneuve, baseado no conto Story of Your Life, de Ted Chiang. E devo dizer que gostei muito.

Livro: vou na 3ª página de Lavínia, de Ursula K. Le Guin.

Música: neste momento, um pouco por acaso, estou a ouvir Angel, do álbum Mezzanine, de Massive Attack.

Pois, escasseiam os adjectivos. Ok, então. Hoje sinto-me triste. Apenas porque não vamos passar o Carnaval a Trás-os-Montes e tenho saudades da minha floresta. Gosto da floresta nesta época do ano (e nas outras todas, mas não falemos disso agora), o mundo renasce e isso leva-me a sentir que também eu entro no tempo de todas as possibilidades.

Na semana passada, na madrugada de quarta-feira, estava eu a sonhar com uma floresta maravilhosa, quando o telefone me acordou. Atendi e ouvi uma voz simpática que me disse: «Bambi, acorda! Está na hora de acordares.» Claro que era engano. Não conheço ninguém que considerasse sequer a hipótese de me chamar Bambi. Hum, fico quase com pena de aquele telefonema ter sido um mero acaso, se o sonho e a chamada telefónica estabelecessem uma coincidência, poderia sempre divertir-me a pensar nisso… mas não, trata-se simplesmente de um acaso!

Os meros acasos também me deixam triste.

Hum, talvez fosse possível modificar ligeiramente essa memória. ;)

Lembro-me de uma vez, quando o meu filho tinha quatro anos, regressava da escola e quando eu lhe perguntei como tinha sido o dia dele, depois de pensar um bocadinho, ele respondeu:
- Hoje a Fabiana desapareceu.
- Desapareceu como? Não foi à escola o dia todo? Ou foi de manhã e de tarde já não voltou? Ou, então, estava lá na tua sala e, de repente, do meio do nada, apareceram três aliens verdes e viscosos que agarraram a Fabiana e desapareceram todos no meio do ar?...
O rosto do meu filho mostrou um misto de surpresa e deslumbramento, olhou para mim e disse cheio de entusiasmo:
- Foram os aliens!

Pois! O meu problema é que ninguém me fornece uma lista de possibilidades e a minha imaginação está muito longe de fazer o trabalho que lhe compete. Assim, vejo-me forçada a manter-me nos meros acasos. :(

Nada mais tenho a dizer, por agora. Termino com uma fotografia do meu lugar agreste, remoto e praticamente desabitado. :)

23 de Fevereiro de 2017.

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