– Queres ajudar-me a apanhar bolotas para fazer pão de bolota?
– Não, isso dá muito trabalho.
Assim, acabamos a apanhar bolotas para criar uma legião de soldados bolota.
Mais tarde, no mercado, eu coloquei as compras no saco das bolotas, que era o único que tinha. Já a caminho de casa, a criança lembrou-se e quis que parássemos e eu tirasse imediatamente as compras do saco.
– Vais destruí-los.
– Lamento. Agora, não há nada a fazer.
– O quê? Já estão destruídos? – E acrescentou, com um horror em crescendo, – como é que sabes? Já fizeste isto antes?
– O quê? Chacinar uma legião de soldados bolota? – Perguntei com um sorriso. – Garanto-te que é a primeira vez.
Admito que gostei do diálogo e fiquei contente por a minha criança se ter queixado.
Marco Aurélio dizia que se não nos queixássemos, dizendo que fomos ofendidos, a ofensa desapareceria. Creio que ele tinha toda a razão. O problema é que quando simplesmente avançamos e nem sequer nos queixarmos, não é só a ofensa que desaparece, também deixa de ter importância quem nos ofendeu.
(Imagem retirada da net, não sei quem é o autor.)
Sem comentários:
Enviar um comentário