quarta-feira, agosto 29, 2018

08 - 10 dias, 10 filmes

08/10

Hoje, chegou pelo correio uma encomenda maravilhosa que trazia, entre outras coisas, incluindo filmes, um daqueles cartões que vemos na entrada dos cinemas, com super-heróis ou assim. O meu filho era, com sempre, o destinatário. Bem, se fosse Batman, Iron Man, Captain America, já para não falar de imensas personagens do Star Wars, tinha sido uma loucura. Mas não, não era nenhum deles. Era um homem, nem novo nem velho, com um ar rebelde, um olhar penetrante e um meio sorriso, com as mãos fechadas, apoiadas na cintura, numa atitude desafiadora. Eu sorri e só não posso dizer que gostei dele, de imediato, porque não era nenhum desconhecido: eu conhecia muito bem aquela fotografia, que era de alguém de quem eu gosto há muito tempo.

– Quem é? – quis saber o meu filho.

– É um super-herói. – Continuei, perante a estranheza do meu filho, – sabes que nem todos os super-heróis são como o Batman, não? Alguns não têm super poderes, mas fazem-nos pensar e isso é muito importante. – Não o fiz, mas tive vontade de acrescentar que também precisávamos que nos ensinassem a estar a sós e aceitar o silêncio, a angústia e a escuridão.

Mas, admito, não deixei de ficar contente com o facto do cartão do Ingmar Bergman não ser em tamanho natural, isso iria certamente afastar as visitas… ;)

Bem, já se passou muito tempo desde a última vez que vi um filme dele. Mas fico muito feliz que alguém, na Suécia, tivesse decidido incluir o meu filho e, por acréscimo, a mim e ao pai dele, nas celebrações do centenário do nascimento do Bergman. Assim, antes do ano acabar, iremos rever uns quantos dos seus filmes. Naturalmente, o miúdo não. Sei bem que ele é ainda muito novo para a filmografia de Bergman.

Contudo, coloquei um desafio ao meu filho, que só tem nove anos e nunca ouviu falar de Bergman: disse-lhe para olhar para a imagem daquele realizador e, depois, na parte de trás do envelope, imaginar e desenhar uma das personagens dos filmes dele. O meu filho foi buscar os marcadores e eu não consegui deixar de sorrir, imaginando a intensidade da cor que aí viria. Fiquei muito surpreendida com o resultado, cuja imagem também incluo. ;)

Concluindo, escolhi O Sétimo Selo, um filme tão negro e profundo como a noite, cuja principal temática se mantém perfeitamente actual: como resistem as nossas crenças, sobretudo a nossa fé, à constatação de que o mundo está cheio de miséria e de maldade?

The Seventh Seal, dir. Ingmar Bergman, 1957.

27 de agosto de 2018.




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