quarta-feira, agosto 29, 2018

02 - 10 dias, 10 filmes

02/10

Tal como já referi, não escolhi os filmes da minha vida, apenas filmes que, por acaso, estou a ver ou a rever nesta altura.

Bem, neste caso, este filme surgiu pela relação com a imagem do filme anterior, que a minha mente estabeleceu.

Assim, comecei com a imagem do olho de um cavalo, o que me leva para o próximo filme, através da imagem de um cavalo morto em cima de um piano. Para mim, neste filme, para além da cabeça do cavalo, as duas cenas mais fortes são as seguintes: um homem a cortar com uma navalha o olho de uma mulher e uma mão com um buraco no meio, donde saem imensas formigas (cujas imagens também vou incluir).

É precisamente através destas duas imagens, que dois grandes realizadores fazem deliberadamente uma referência a este filme. A primeira surge no filme Spellbound de 1945, de Hitchcock, em que o olho é substituído por uma cortina com esse motivo, que é cortada no mesmo plano; e a segunda em Blue Velvet, de David Lynch, em que a mão é substituída por uma orelha, também cheia de formigas.

A narrativa é de tal modo estranha que, mais do que interpretar o filme, somos de certa forma obrigados a estabelecer a nossa própria relação entre as imagens, a criar uma história.

É o primeiro filme surreal, cujo argumento e cenários foram criados pelo realizador, Buñuel, em parceria com Salvador Dalí – quem mais poderia ser?

Un Chien Andalou, dir. Luis Buñuel, 1929.

21 de agosto de 2018.




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