Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
O poema é de Eugénio de Andrade, um poeta que eu muito aprecio. Ele tem razão, o mundo deixa-nos assim, se permitirmos. É tão fácil ficarmos meras sombras de quem fomos e de quem queríamos ter sido... Como se luta contra isto? Bem, eu só conheço uma maneira: sendo feliz. A felicidade devolve-nos a nós próprios, deixa-nos inteiros. Se não muda o mundo à nossa volta, muda certamente a nossa maneira de ver esse velho mundo, que amanhece sempre novo, em cada dia. :)
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