Dantes era azul
a cor dos sonhos
e a imensidão do mar
por navegar.
(…)
Começa assim um poema de Maria Alberta Menéres. Nem sei por que razão isso me ocorreu, neste instante, enquanto olho lá para fora e vejo as tílias, viçosas e luxuriosamente verdes, a dançar com o vento.
Ontem, igualmente ao fim da tarde, quando o sol já desaparecia a oeste, eu também estava aqui, no mesmo sítio, sentindo que precisava de um sinal, um sinal qualquer, só porque sim. Nesse instante, um melro pousou na grade junto à pequenina e intensamente florida macieira, que cresce num vaso na minha varanda. E o melro deixou-se ficar quieto, simplesmente a olhar para mim, ou para o meu mundo, ou para outra coisa qualquer. Um melro ao crepúsculo é, sem dúvida, um sinal. Ainda assim, eu hoje continuo aqui, no mesmo lugar, quase igualmente desorientada e distraída.
Não o fotografei, quando me levantei para ir buscar o telemóvel, o melro voou para longe. Contei ao meu filho, que se riu e me disse: «se não o fotografaste, não conta!». Isso fez-me sorrir. Mas, agora, começo a questionar-me se ele não estaria certo…
Neste instante, noutro lugar, alguém acabou de fotografar um melro, ao crepúsculo. E sentiu a força desse sinal. Hmm, como é que eu posso ter tanta certeza? Na verdade, não é uma questão de fé. Acabei de receber um email, não com uma fotografia, mas com um vídeo de um belo pássaro negro... ;)
Azul. Azul é a minha cor favorita, por muitas razões. Também porque dantes era azul a cor dos sonhos e a imensidão do mar por navegar.
Maria Alberta Menéres morreu esta semana. Ontem, também morreu Luis Sepúlveda, outro escritor que eu muito aprecio. É triste. É a vida, que começa para uns e acaba para outros.
Termino com uma ilustração de Jeanne Waltz.
Boa noite.
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