2010 January 28, Astronomy Picture of the Day:
Hoje, estou terrivelmente cansada. Não quero saber de nada nem de ninguém. Mas ainda gosto do céu estrelado. De viajar pelas estrelas.
Recentemente, falaram-me na sensação de vivênciar o próprio corpo a pairar sobre si mesmo. Isso levou-me de volta a velhas memórias...
Quando eu tinha 12 anos, passei 15 dias na termas de S. Lourenço, perto do Tua. Eram 6 horas da manhã e eu estava com a minha família, na estação dos caminhos de ferro, à espera de comboio. Pouco antes de chegar o comboio, veio a correr um miúdo pouco mais velho do que eu, com quem eu tinha brincado as férias todas. Aproximou-se e deu-me dois beijos, despediu-se de mim. E quase de imediato, entrei no comboio. Percorri a linha da Tua, até Mirandela, num estranho estado de desligamento... Não sei se estava ou não apaixonada. E esses termos ainda não existiam para mim, na altura. Mas, para sempre, dentro de mim, as estações de comboios e, em especial, a linha do Tua, ficaram associadas a algo que nos transporta para fora de nós próprios, a uma estranha sensação de agigantamento.
Mais tarde, quando eu tinha 17 anos, apaixonei-me. Mas não por uma pessoa real. Apaixonei-me completamente por uma personagem que encontrei num livro, um romance autobiográfico. O livro de San Michele, de Axel Munthe. Nesse verão, todas as noites costumava afastar-me um pouco da aldeia e deitava-me de costas na terra ainda quente. Eu não fantasiava com o Axel. Ficava apenas ali, em êxtase, e era de olhos abertos que eu viajava pelas estrelas...
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