Antes de ir dormir, deixo um velho poema da maravilhosa Sophia de Mello Breyner Andresen.
Às vezes julgo ver nos meus olhos
A promessa de outros seres
Que eu podia ter sido,
Se a vida tivesse sido outra.
Mas dessa fabulosa descoberta
Só me vem o terror e a mágoa
De me sentir sem forma, vaga e incerta
Como a água.
Para mim não vem nem terror nem mágoa, por me sentir sem forma, vaga e incerta como a água. O terror vem quando me construo ou deixo construir, afastando-me de quem eu sou de verdade. E quem eu verdadeiramente sou é algo que tanto encontro agora, como quando tinha cinco anos e ainda estava completamente despida dos papéis que a vida me iria atribuir.
Na minha modesta opinião, este tempo, que precede Yule, é o tempo certo para nos prepararmos, libertando-nos de velhas máscaras e de velhos rótulos, para encararmos o Sol nascente com a nossa face nua.
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