Ontem escrevi que, durante esta semana, todos os dias tenho
feito um esforço para pensar em seis coisas impossíveis, antes do
pequeno-almoço. E, garantidamente, esforço-me por acreditar nas minhas coisas
impossíveis. ;)
Encaro-o como um exercício consciente de revolta. ;)
Bem, esta manhã, pouco depois de acordar, deparei com uma
gaivota na minha varanda. Tive pena dela, porque estava perdida, longe de casa.
Mas, ao mesmo tempo, não consegui deixar de pensar que a gaivota sabia que
estava longe de casa, que se tinha perdido no seu voo. Certamente, fará tudo o
que estiver ao seu alcance para regressar ao seu verdadeiro lugar.
Eu, por outro lado, quando me perco, levo uma eternidade
para descobrir que estou perdida. E, o que ainda é pior, é cada vez mais difícil
ter certezas em relação ao meu verdadeiro lugar.
Há muitos momentos em que tenho dificuldade em acreditar que
ainda me chamo Maria e não Gregor Samsa. É com um estranho divertimento que
penso que, um destes dias, ainda acordo transformada num inseto e, nem assim,
deixarei de lado as preocupações em relação ao emprego, ao dinheiro e às
necessidades da família.
Noto, também, que ultimamente regresso muitas vezes ao livro
infantil de Margaret Wise Brown, The Important Book, publicado em 1949. À
medida que percorro as ruas, apressada, interrogo-me acerca do que é importante
para mim: nas casas, nas árvores, na paisagem, no vento, nas nuvens… Adoro
esses instantes em que as minhas próprias respostas me surpreendem. ;)
Contudo, no livro de Brown, tudo nos conduz a duas questões
finais:
- O que é que poderias mudar em ti e ainda continuares a ser
tu próprio?
- O que é que não poderias mudar em ti, para continuares a
ser tu próprio?
Bem, eu acredito que é importante fazer estas perguntas a
mim própria, de vez em quando, quanto mais não seja, para não me esquecer
completamente de quem eu sou. ;)
Hmm, escrevi muito, não foi? Termino, então, com uma imagem
e Yuumei Art. :)