Eu gosto de livros. Sempre gostei de livros. Há livros que fazem parte de mim, eu não seria quem sou se não tivesse lido certos livros.
E gosto de pessoas que gostam de livros... :)

Uma vez, levei o livro Iluminações – Um Cerveja no Inferno, do Rimbaud, para emprestar a um colega do meu marido. Estávamos num bar. Eu tirei o livro e, antes de o emprestar, expliquei que aquele livro era especial para mim. E entreguei-lho. Ele colocou-o em cima da mesa. E a namorada dele, que eu conhecia, até tinha sido eu quem os tinha apresentado, aproveitou para pôr o copo de cerveja em cima do meu livro, como se não fosse um livro, mas um mero protector de mesa. Bem, eu esperei um bocadinho e depois, tirei o copo de cerveja de cima do meu livro e voltei a colocar o livro na minha mala. Já não o emprestei.
Mesmo assim, estranhei aquele tipo de insensibilidade. E abuso. O livro não era deles, de modo que nem sequer tinham o direito de o estragar. Mas, esquecendo isso... continua a insensibilidade. A profunda insensibilidade, tão comum nos dias que correm.
Na minha maneira dever as coisas, a insensibilidade é um pecado grave. A pessoa que sofre desse mal, se calhar nem tem culpa, no entanto, a verdade é que também nunca vai deixar de ser como é. E face a esse tipo de pessoas, o melhor que temos a fazer é afastarmo-nos delas, sem mais questionamentos.
Gibran dizia que o inferno é um coração vazio. E as pessoas insensíveis, por muito que digam a si próprias algo diferente, a verdade é que vivem com um coração vazio. Isso é sempre o pior que nos pode acontecer. É uma triste condenação.