quinta-feira, maio 10, 2007

Um pequeno milagre para a Tanira

Sexta-feira, dia 4 de Maio, quando chegamos a casa após um longo dia de trabalho, só a gatinha Nabica veio ter connosco... a pequena Tanira não aparecia em lado nenhum. Procurámo-la por todo o lado mas, sempre sem resultado. À medida que a noite avançava, o medo aumentou e pedimos ajuda a vários amigos. Mas a Tanira continuou sem aparecer.

Acreditamos que no dia seguinte seria mais fácil. Mas não foi. Passamos o fim de semana em desespero a tentar encontrá-la. Colocamos papéis a procurá-la por todo o lado. Segunda-feira de manhã contactei a ABRA que de imediato colocou o anúncio no seu site. Contactamos veterinários e gatil, colocamos na zona mais alguns papéis. E continuamos sempre a procurá-la, sem saber que mais poderíamos fazer...

Na noite passada (do dia 9 para o dia 10 de Maio) acordei em sobressalto com um estranho sonho... comecei por sonhar com duas pessoas da ABRA. No meu sonho uma dessas pessoas entrega-me a Tanira, que era uma folha de papel dobrada e diz-me que a Tanira está a morrer. E, de imediato, afastam-se ambos de mim. Eu sigo-os por um sítio negro, com motores e peças mecânicas, muito sujo. Acordo assustada. Levanto-me de imediato. Naquele momento, a meio da noite, acreditei sem qualquer dúvida que a Tanira tinha subido para o motor de um carro e que precisava de ajuda para voltar a sair. Recusei-me a questionar fosse o que fosse dessa minha certeza e fui procurá-la.

Mais de uma hora depois de andarmos às voltas na rua, às 3 ou 4 da manhã, fixei-me num carro, sem saber muito bem porquê. Mas se não havia nada mais do que intuição, porquê parar a meio? Não me dizia a intuição que era aquele carro? Ficamos por lá, chamamos a Tanira vezes sem conta, sem obter qualquer resposta. Quando já estávamos quase a desistir, o meu namorado achou que tinha visto pêlo de gato, pouco depois achou que estava a ver a Tanira... bem, a partir dali tentamos tudo, sempre sem resultado. Mesmo assim, não desitimos. Veio a polícia que, infelizmente, nada pôde fazer. Disse-nos a morada de registo do veículo mas, era noutra localidade. Não desistimos. Achamos que era assim porque por alguma razão o registo da polícia não tinha sido actualizado... sim, sabíamos bem que tudo aquilo parecia desespero, completo desespero. Mas quisemos acreditar que era mesmo uma intuição fortíssima, com tão pouco de racional que até temos vergonha de a admitir. E simplesmente decidimos não desistir. Para assumir que estávamos errados, tanto fazia ser naquele momento como umas horas depois. Esperamos ansiosos pela manhã.

A primeira pessoa a quem nos dirigimos na rua, hoje de manhã, sabia quem era o dono daquele carro, que morava dois prédios acima... ainda com mais ansiedade, esperamos por uma hora um pouco mais aceitável e tocamos à campainha.

Foi um acto de fé! E essa fé foi totalmente recompensada no momento em que foi aberto o capô do carro (que por obra e graça do destino estava avariado) e vimos a Tanira lá, na manhã do dia 10 de Maio, quinta-feira, depois de ter estado lá presa desde o dia 4, sexta-feira anterior.

Muito obrigada, Universo! Muito Obrigada!!!

terça-feira, maio 08, 2007

Axel Munthe e O Livro de San Michele.

Hoje, quero falar de um dos meus grandes amigos: Axel Munthe. Conheci-o através d’O Livro de San Michele, quando eu era ainda uma adolescente. Bem, nessa altura, o meu amigo Axel já tinha morrido há bastante tempo. Vivemos separados não só pelo espaço, mas também pelo tempo. No entanto, espaço e tempo perdem a sua invencibilidade face a outras realidades, como o amor ou a amizade. :)

O Livro de San Michele criou dentro de mim um lugar eternamente luminoso, onde me sinto verdadeiramente eu própria. E o Axel faz parte do meu álbum de família. A ilha de Capri, na ponta sul do golfo de Nápoles, onde dizem que nunca fui, já acalmou muitas das minhas dores.

Com esse livro, noutro tempo, eu escolhi afastar-me dos rótulos e procurei o sol e o mar infinitos, sobretudo quando estava, como agora, fechada num gabinete com luz artificial.

Independentemente daquilo que outros quisessem que eu acreditasse, eu sabia que, como diria o Deepak Chopra, eu era o universo inteiro a sonhar com pequenos lugares. Então, que esses sonhos fossem agradáveis, que os meus pensamentos trouxessem até mim lugares onde eu sorria com a alma, onde a sensibilidade e o absoluto amor à vida fossem constantes.

Há tantas fotografias no meu álbum de família de pessoas que nunca vi e que nunca verei. Contudo, estão lá. São meus amigos. Compreendem-me. Vivem o mesmo deslumbramento face à vida e ao sonho. Caminhamos juntos. :)